2006/06/06

Aberto para o fórum de discussões. Mulher é a paixão nível 10 por homens de unha suja que lhe tira a vingindade...

Publicado na Folha de S. Paulo em 06/06
Mulher apaixonada é capaz de qualquer coisa, até de matar
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Figura central no adiamento do júri, o advogado Mauro Otávio Nacif, 61, defendeu a tese de que sua cliente, Suzane von Richthofen, uma mulher que ele define como "linda, loira e milionária", foi coagida pelo ex-namorado -um "cafajeste"- a participar do crime.
Leia a seguir a tese dele.
Estava tudo montado para "fritar" a moça. Eu tinha de defender a minha cliente. Mas todo mundo queria julgar a moça. Porque é linda, loira, milionária -"vamos pegar a moça"."O julgamento vai sair hoje", disse o juiz. Não pode. Eu não posso, com 61 anos, a minha filha ao meu lado. A minha filha vai pensar o que de mim? Que eu sou um bunda-mole? Um verdadeiro bunda-mole? Um bundão? Eu falei: "Excelência, vamos adiar, porque a lei manda adiar". "Vai ser hoje", ele disse. Eu falei: "Doutor, não vai ser hoje". Foi hoje? Não foi.

No dia 17 de julho, farei o júri da Suzane e vou absolvê-la. O promotor, é claro, quer a moça. Loira, bonita, milionária dá ibope, manchete. Se ela fosse pobre, desdentada, a imprensa não estaria aqui. Nem eu estaria aqui. Nem eu. Ninguém liga para os irmãos. Ninguém quer saber deles. Quer saber da loira, linda e milionária. Brasileiro gosta de mulher bonita.

Pááááá na cara dela
O doutor [Roberto] Tardelli diz que a Suzane participou da morte dos pais por dinheiro. Não é verdade. Essa moça é milionária. O pai dava tudo para ela. Isso aconteceu porque o cafajeste [Daniel Cravinhos] não queria perder as mordomias. O pai da Suzane, pela primeira vez, tinha dado um tapão na cara dela -pááááá, assim: "Agora, vai acabar esse namoro". Porque o cafajeste pegava dinheiro da família da Suzane.A Suzane pagou prestação do carro dos irmãos cafajestes, som do carro, reforma da casa deles, carpete, aquário, peixes ornamentais, televisão, DVD, óculos, viagens, roupas, maconha. Cobriu o cheque especial.

O pai da Suzane tinha sido seqüestrado -isso é outro dado- mais ou menos uns oito meses antes de ela conhecer o Daniel. Com medo de outro seqüestro, ele andava sempre com a carteira cheia de dinheiro -R$ 5.000, R$ 7.000. Era dinheiro para, numa eventualidade, dar para seqüestradores. Então, a Suzane ia lá e pegava quanto queria. O pai dela era um superpai. Dinheiro não faltava.Quer outro exemplo de mordomia? A Suzane ia viajar com os pais para o Rio Grande do Norte. Toda a família ficava em um hotel cinco estrelas. O Daniel ia de avião e ficava hospedado em um outro hotel cinco estrelas. Tudo pago por ela.

Bifurcação
Quando o Daniel viu que a coisa tinha engrossado, ele fazia assim com os dedos [mostra o indicador separado do dedo do meio] para a menina. E dizia: "Agora, Suzane, é a bifurcação. Ou eles ou eu". Se os pais de Suzane não morressem, eles [Cravinhos] perderiam a galinha dos ovos de ouro. Por mais cínico que pareça, era assim que eles a chamavam.A Suzane estava coagida pelo explorador que a viciou em ecstasy e maconha. Essa moça é supercorreta, educada, bonita, fina, poliglota, viajada.Seu azar foi ter-se envolvido com um cafajeste. Ela foi escravizada psíquica e sexualmente -lembre-se que ela antes era supervirgem, nunca tinha beijado um homem na boca. De língua então... Nem sabia o que era a sensação sexual. A primeira providência do cafajeste foi levar a menina para a cama. Ele tirou a virgindade dela com 15 anos. Mas, como não gostava de fazer amor usando camisinha (segundo ele, era mais gostoso sem), obrigava-a a tomar essa tal injeção [anticoncepcional] chamada Mesygina, que a fazia desmaiar a cada vez...O Andreas [Richthofen] está contra a irmã. Mas foi o cafajeste que induziu o Andreas ao uso de tóxicos. O cafajeste comprava tóxico com o dinheiro da irmã e dava para o menor. Está nos autos que o Andreas era maconheiro na época do crime.Mulheres apaixonadasFalam que, depois de presa, ela ainda mandava cartas de amor para o cafajeste. É muito fácil de explicar isso. Demorou três meses para ela se dar conta de quem o Daniel era. Nos primeiros meses, ainda estava envolvida por ele. Ainda mandava carta, chamando-o de "meu amor". Mulher apaixonada.Mulher apaixonada faz qualquer negócio. Homem apaixonado chega até o grau nove de obsessão e de loucura. Mulher apaixonada chega ao grau 10.

Essa moça era virgem até o Daniel. Ele, um homem grosseirão, unhas sujas, não era um rapaz de nível. Qual era o atrativo dele? Mulher é assim. Mulher conhece um mecânico, com unhas de graxa, feio, com uma cicatriz aqui... Mulher, quando gosta de um homem, ele vira Brad Pitt. "Ai, que unha linda ele tem, toda cheia de graxa..." Mulher, quando gosta de um homem, ainda mais do homem que lhe tira a virgindade...

2006/06/05

Sem-terrinha em ação


Quando cheguei à Secretaria de Justiça já procurei por ele. “O Gabriel está aqui?”. Mostraram-me o menino-quase-neném dormindo num saco de dormir estendido sobre o chão de mármore que mais parecia de gelo.
“O Gabriel sofreu uma baixa.” – Correndo pelo “palácio” que não foi feito para crianças - bateu a cabeça em uma quina das pilastras. Doeu, sangrou e ele estava dormindo com um curativinho ao lado do olho.
Daí a pouco ele acordou, lembrou onde estava, sentiu seu machucado e chorou pedindo pela mãe. O curativo vazou. As mães improvisadas cuidaram em limpar o machucado, pegá-lo no colo e dizer que a mãe já vinha – daí a pouquinho.
Mas era mentira. Mentira necessária para crianças-sem-terrinha. Sua mãe ainda ficaria umas 4 horas numa reunião para exigir que o acampamento Irmã Alberta torne-se definitivamente um assentamento de reforma agrária.
Enquanto negociavam com a secretária de Justiça, os outros sem-terra cantavam, rezavam e gritavam para que os que passassem na rua ou trabalhassem ali lembrassem da sua existência, da sua luta.
No fim do dia-expediente a reunião acabou e, pelas caras dos que desciam, dava para ver que a boa notícia ainda não tinha chegado. Irmã Alberta estava séria, a mãe do Gabriel também. Vinham comunicar aos que esperavam que os quatro anos de luta ainda não foram suficientes para a conquista daquela terra. É preciso esperar mais.
Gabriel já tinha cansado de chorar há muitas horas atrás. Já tinha voltado a brincar e depois se aninhou no colo do pai. Quando sua mãe desceu ele ainda esperou que ela dissesse a todos o que se passou.
Quando eu ia embora olhei para os dois, estavam rindo – ele contando coisinhas de amor para a mãe.
(aline)