-Ah! Fim de semana maldito!!
Estava sozinha, nunca fora afeita a solidão. Mas andava sentido-se sozinha já há algum tempo, mesmo quando estavam todos por perto. Não sabia o que acontecia, tinha uma tristeza latente, que a atormentava com freqüência. Tudo parecia sem sabor, quase chato. Não poderia explicar, se fosse necessário. Mas gostaria, se pudesse. Era uma coisa estranha, uma falta de estímulo, de vontade de qualquer coisa. Pensava duas vezes antes de levantar da cama todos os dias, queria dormir uns dois meses pelo menos. Não que estivesse cansada, até estava um pouco, mas não muito, só não queria levantar. Sentia um vazio enorme.
Vazio de quê? Era o que não conseguia explicar. “Vazio de vazio, ora essa!”, diria se alguém perguntasse. Mas ninguém perguntou, o que não achou propriamente ruim. Não podia admitir, nem pra si mesma, qual o motivo daquela sensação tão estranha. Seus olhos sempre a cagüetavam, era o que ouvira uma vez. Mas talvez aqueles olhos precisassem ser fitados por outros olhos, agora também muito tristes e perdidos, pra que pudessem se comunicar. Uma coisa ela tinha certeza - mas guardava esse segredo no cantinho mais profundo e escuro que encontrou dentro no peito – tinha saudade. Era uma saudade ardida, dolorida, angustiante. Sentia falta de uma paixão, que quando ‘proibida’, fora dedicada a ela. Tinha a sensação de que algo havia morrido. Que morrera antes de nascer...
Lembrava então de tantas noites perdidas (melhor seria dizer ganhas) só abraçados conversando sobre a vida, sobre os segredos íntimos ou sobre coisa qualquer. Tudo era assunto, tudo era motivo, só se queria estar ali. Falar, falar e ouvir, não importando o que. Ficar ali até cansar, até quase dormir com aquela voz alta e grave, que ficava baixinha, mas ainda grave. E era bom. Mas uma ânsia de botar rumo na vida, de tomar as rédeas de tudo, de controlar o que parecia avassalador, abortou o amor. Ele se foi. Ficaram as marcas, como todo aborto. E o amor? Na verdade, nem era tão avassalador, nem tão amor assim...
“Amor, então,
Estava sozinha, nunca fora afeita a solidão. Mas andava sentido-se sozinha já há algum tempo, mesmo quando estavam todos por perto. Não sabia o que acontecia, tinha uma tristeza latente, que a atormentava com freqüência. Tudo parecia sem sabor, quase chato. Não poderia explicar, se fosse necessário. Mas gostaria, se pudesse. Era uma coisa estranha, uma falta de estímulo, de vontade de qualquer coisa. Pensava duas vezes antes de levantar da cama todos os dias, queria dormir uns dois meses pelo menos. Não que estivesse cansada, até estava um pouco, mas não muito, só não queria levantar. Sentia um vazio enorme.
Vazio de quê? Era o que não conseguia explicar. “Vazio de vazio, ora essa!”, diria se alguém perguntasse. Mas ninguém perguntou, o que não achou propriamente ruim. Não podia admitir, nem pra si mesma, qual o motivo daquela sensação tão estranha. Seus olhos sempre a cagüetavam, era o que ouvira uma vez. Mas talvez aqueles olhos precisassem ser fitados por outros olhos, agora também muito tristes e perdidos, pra que pudessem se comunicar. Uma coisa ela tinha certeza - mas guardava esse segredo no cantinho mais profundo e escuro que encontrou dentro no peito – tinha saudade. Era uma saudade ardida, dolorida, angustiante. Sentia falta de uma paixão, que quando ‘proibida’, fora dedicada a ela. Tinha a sensação de que algo havia morrido. Que morrera antes de nascer...
Lembrava então de tantas noites perdidas (melhor seria dizer ganhas) só abraçados conversando sobre a vida, sobre os segredos íntimos ou sobre coisa qualquer. Tudo era assunto, tudo era motivo, só se queria estar ali. Falar, falar e ouvir, não importando o que. Ficar ali até cansar, até quase dormir com aquela voz alta e grave, que ficava baixinha, mas ainda grave. E era bom. Mas uma ânsia de botar rumo na vida, de tomar as rédeas de tudo, de controlar o que parecia avassalador, abortou o amor. Ele se foi. Ficaram as marcas, como todo aborto. E o amor? Na verdade, nem era tão avassalador, nem tão amor assim...
“Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.”
Paulo Leminski
Paulo Leminski
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