2006/04/03

Teatro da oprimida

Era uma oficina de Teatro do Oprimido para educadores.
Acostumados a serem os animadores das platéias que se enfileiram nas salas de aula, àquelas pessoas coube a difícil tarefa de representar situações de opressão.
A situação preferida desses educadores era a da própria sala de aula: em algumas cenas tornavam-se eles próprios – professores autoritários, em outras se divertiam no papel de alunos baderneiros.
As imagens de opressão vinculadas ao ambiente escolar brotavam uma a uma e todos pareciam se sentir bem vivenciando aquela violência. Riam muito.
Mas alguém propôs a representação de uma cena onde uma mulher apanhava.
Durante alguns minutos alguns conseguiram ao menos parar de rir, algumas mulheres prontificaram-se em esclarecer que aquela situação nada tinha a ver com elas e, por isso, não poderiam representá-la.
Depois foi só silêncio, até que uma outra mulher se levantou e disse:
–Eu faço a cena. Sou eu a mulher que apanha.
Alguns continuaram em silêncio. Outros choraram...

(aline)